Desenhos de Oscar Niemeyer
Caros leitores, convido-os a lerem esse trecho do artigo "COMO NASCE A ARQUITETURA" publicado originalmente na revista Piracema e que faz parte do livro Conversa de Arquiteto, de Oscar Niemeyer. Nele o arquiteto descreve de forma rápida como concebe seus projetos. Destaquei essa parte do texto para que possamos observar e pensar sobre a presença do desenho na criação e defesa das ideias que cercam um projeto.
Muitas vezes tenho a impressão que profissionais e estudantes consideram o ato de desenhar como simplesmente a ação de representar alguma coisa o que, em diversas situações, é verdade, mas na criação da arquitetura, não é totalmente. Durante o processo criativo o desenho pode e deve ser usado como instrumento de reflexão e de registro de ideias. A sequência de croquis, suas sobreposições, discussões e seu aperfeiçoamento são exercícios fundamentais na busca da solução de um problema arquitetônico. Problema este que não deve ser estanque em seu primeiro ímpeto e sim amadurecido na medida em que os riscos avançam em cima do papel ou até mesmo da tela de um tablet ou computador. Não devemos desenhar por desenhar. O desenho (analógico ou eletrônico) deve estar cercado da saudável inquietação projetual.
Dessa forma, enquanto lemos o texto abaixo apreciamos uma série de croquis de Oscar Niemeyer publicados no site ARCOWEB em 2012, pensemos no assunto.
"De um traço nasce a arquitetura. E quando ele é bonito e cria surpresa, ela pode atingir, sendo bem conduzida, o nível superior de uma obra de arte.
Mas essa fase inicial exige por antecipação que o arquiteto se integre nos problemas tão variados do trabalho a executar.
A natureza do terreno, o ambiente em que será inserida a construção, o sentido econômico que ela representa, a orientação etc.
E somente depois de se inteirar de tudo isso é que ele começa a desenhar, fazendo croquis, na procura da idéia desejada.
É nesse momento de imaginação e fantasia que a solução aparece e nela o arquiteto se detém entusiasmado como alguém que encontrou um diamante e o examina com a a esperança de ser verdadeiro e, lapidado, transformar-se numa bela pedra preciosa.
E os desenhos prosseguem. O arquiteto verifica então se a solução atende internamente ao programa fornecido, se os técnicos do concreto armado aceitam o sistema estrutural imaginado, se o dimensionamento corresponde às seções fixadas, se tudo pode funcionar bem.
E se o método é adotado, ele começa então a redigir um texto explicativo, procurando sentir se lhe faltam argumentos, que alguma coisa deve no projeto ser acrescentada..." (Conversa de Arquiteto - Oscar Niemeyer)
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